MINHA PRIMEIRA VEZ
Finalmente aconteceu. Cheguei a pensar que não era pra mim,
afinal, de tantas coisas que minhas amigas tinham ou faziam e eu não, esta
seria só mais uma. Mas desta vez foi diferente, agora seria minha iniciação, o
fim da curiosidade e da expectativa.
Foi a Paty quem levou para a escola. Sempre ela: a mais
avançadinha da turma, precursora em muitas coisas, além de bonita e popular.
Reunimos o grupo e fomos para um local apropriado.
Tá certo que eu queria isso, tinha muita curiosidade e tal,
mas agora era pra valer, era real, e confesso que deu um friozinho na barriga.
Mas não podia voltar atrás, as meninas estavam todas ali na minha frente, teria
que encarar.
Então comecei, peguei nas mãos e fui seguindo as instruções.
Até a Ale, minha companheira de bulling, eu “Olívia Palito” e ela “baleia”, já era
descolada – foi dando palpites conforme
a sua experiência. Parecia um pouco perigoso, mas este era o barato, além
disso, minhas amigas estavam prontas pra me ajudar, ou socorrer. A Mônica até
segurou minha mão, e lá fui eu.
No começo foi meio estranho, não acontecia nada, pensei até
que não estava funcionando, mas as meninas agitavam: vai fundo, você tem que
insistir! Fui perdendo o medo e tentei com mais vontade, aí aconteceu. Foi uma
sensação incrível de liberdade, parecia estar voando, em êxtase. Por alguns
instantes meu pensamento viajou, fiquei curtindo aquele momento, nem ouvia mais
os gritos e risadas da minha plateia.
De
repente, voltei à realidade e os sons atordoantes vieram acompanhados de um
baque! Entrei em pânico, senti como se caísse em um abismo, sem nenhum apoio, a
alegria se foi e em seu lugar ficou a dor. Não sei se o pior foi o impacto ou a
vergonha, mas lá estava eu, estatelada de bunda no chão, em pleno pátio da
escola.
Claro
que superei e acabei pegando gosto pela coisa, acho até que fiquei malandra,
mas, na memória, a garota sentada no meio do pátio ainda é o retrato que guardo
da primeira vez que andei de patins.
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