O Orgasmo
Cinquenta
e dois anos. Considerava-se bonita, Corpo bem torneado. Seios firmes, resultado
de uma cirurgia plástica depois do último parto, cerca de quinze anos atrás.
Fazia ginástica por recomendação médica. Não podia engordar. Os níveis de
colesterol e triglicerídeos estavam no limite considerado alto. O esforço
compensava. A ginástica que realizava
regularmente nos últimos oito ou nove anos, além de moldar seu corpo, lhe deu uma
tonicidade muscular de fazer inveja a muitas mulheres com dez anos menos.
Era
formada em administração de empresas com especialização em marketing. A empresa,
cujo proprietário era um amigo do seu marido, era pequena, e o universo de
atuação era restrito à região onde morava. Casou cedo. Na época, morava no
interior do estado. Oriunda de família simples, não teve muitos pretendentes e
entendeu que o primeiro namorado seria o homem de sua vida. Tinha duas filhas,
uma vida confortável, oriunda do resultado da fazenda do seu marido.
Teoricamente não tinha do que se queixar.
Era
feliz? Perguntava a si mesmo regularmente. O que era felicidade? Como podia ser
medida? Não fazia terapia, pois seu marido entendia que não era necessário.
“Essa tal de terapia pode virar tua cabeça”, dizia ele com frequência. Para não
se incomodar, Regina, deixava assim. Sua vida era por ela considerada morna.
Faltava emoção. Seria diminuição de desejos sexuais? Resultado do início do
climatério? Muitas perguntas, poucas respostas.
Surgiu
na empresa uma chance de atender uma nova empresa, e uma reunião importante foi
marcada em São Paulo. Na véspera, o chefe de Regina e dono da empresa teve um
problema de saúde e não pode viajar. Ele tentou adiar a reunião, mas duas
pessoas viriam dos Estados Unidos especialmente para essa reunião. Regina foi
escalada para substituí-lo. Ela estava tecnicamente preparada. Conhecia a
empresa e o produto. Sabia o que falar. Sabia como convencer os novos clientes para
que a reunião tivesse êxito.
Mal
deu tempo para avisar o marido que estava na fazenda, e embarcou no primeiro
voo para São Paulo. Na viagem, revisou o programa e chegou a cochilar. Estava
excitada com a oportunidade. Por surpresa, não estava nervosa. A viagem
transcorreu normal. Chegou a tempo de ir ao hotel, trocar de roupa e chegar no
horário marcado para a reunião. Olhou-se no espelho antes de sair. “Estou
bonita”, pensou.
Quando
adentrou a sala de reuniões, percebeu que havia um número maior de executivos
do que ela imaginava. Todos os sete homens ficaram paralisados quando Regina
entrou apresentada pela secretária da diretoria. Não só sua beleza chamou
atenção, mas principalmente seu porte, sua postura e seu sorriso agradaram a todos.
Após os cumprimentos formais, Regina iniciou a apresentação do trabalho em power point bem realizado por sua equipe.
À medida que a apresentação era realizada, Regina percebeu que estava no seu
dia. Falando em inglês e português, a qualidade da apresentação ia aumentando à
medida que os minutos passavam.
Um dos americanos chamou a atenção de Regina.
Ele, além de ouvir e gostar da apresentação, mantinha um olhar diferente dos
demais. Aos poucos, Regina percebeu que era um olhar de desejo. Já conhecia
aquele tipo de olhar, mas este era especial. Ela percebeu que o americano a estava
desnudando com seus olhos azuis. Sentiu um arrepio dentro de si. Ele era elegante
e muito charmoso. Aparentava uns quarenta
e oito anos. Seu olhar penetrava cada vez mais fundo no corpo de Regina. Por um
instante, ficou perturbada, mas retomou a apresentação. Não podia diminuir a
qualidade da apresentação. Desviou o olhar para os demais ao continuar a
apresentação.
Quando cruzava com ele, sentia o mesmo bem estar. A curiosidade
feminina havia invadido sua alma. Ninguém a tinha olhado daquela forma. Um
olhar de desejo jamais sentido por ela. Ficou envaidecida e surpresa. Aquele
fato a deixou excitada. A temperatura do seu corpo aumentou acompanhada pelo
batimento cardíaco.
Após
alguns minutos, encerrou a apresentação. Foi muito cumprimentada. O aperto de mãos
do americano confirmou o que havia sentido. A eletricidade estática transmitida
no encontro das mãos comprovou tudo. O beijo no rosto, diferente dos demais,
marcou mais fundo. A conta de marketing fora ganha com a apresentação.
Regina
sentou-se, e a conversa sobre o assunto continuou. O americano olhava numa só
direção. Regina sentiu-se acariciada por aquele olhar. De repente mãos
imaginárias começaram a subir sobre suas pernas. Apesar da saia justa que ela
usava, havia espaço suficiente para que duas mãos circulassem livremente sobre
suas coxas. Regina imaginou-se sem calcinhas, e as mãos seguiram o caminho natural,
uma avenida com mão única até chegar à região pubiana. As mãos, como mágicas,
foram rodeando o local principal. Seu clitóris já eriçado aguardava ansiosamente
a chegada dos dedos para serem beijados por seus lábios vaginais, já úmidos
pelo momento vivido. A penetração calma e firme de um dos dedos foi o clímax da
viagem. Apertou ao máximo uma coxa contra a outra e sentiu uma sensação
maravilhosa. Teve um orgasmo longo e pleno.
O
melhor orgasmo da sua vida.