Meninas delicadas não brigam
A
bola subia, em volteios coloridos, leve - abrindo as asas e esquecendo o chão.
A criançada erguia o rosto, pra acompanhar sua rota, o sol tardio queimando a pele.
Eles corriam pelo pátio, estendendo os braços para ampará-la no voo e mais uma vez, faze-la voltear deixando rastros de inocência e cor no infinito branco.
E a Cirlei, a filha da vizinha, ali – sentada no muro, olhar cru - ave de rapina, esperando o momento em que a bola colorida caísse em suas garras.Com um olho Larinha acompanhava a bola, com outro mirava a Cirlei. Estava pronta pra frustrar-lhe os planos. Faze-la engolir a inveja. Menina mimada, marrenta, filha única. Fazia pouco da miséria dos outros. Larinha nem ligava para a própria pobreza, tinha uma coisa muito mais preciosa – seis irmãos pra brincar.Aos nove anos eram inimigas declaradas. Mas não brigavam. Não era coisa de menina. Meninas são delicadas, não brigam, pensava Larinha.
Maldito momento em que a bola, num vacilo inocente e suicida, se jogou nas garras da Cirlei.Não adiantou implorar. Ameaçar. Nem as lágrimas do caçula amansaram o coração da fera. Só receberam de volta um corpo de plástico, flácido, colorido e sem vida. E o olhar de escárnio da Cirlei.
Toma, tua ex-bola. Disse debochadamente jogando o pobre pássaro sobre os pés da inimiga.Larinha não se conteve. Jogou o corpo miúdo sobre as carnes fartas da Cirlei. Com a raiva lhe turvando os olhos, bateu tanto na menina que tiveram que arrancá-la das suas mãos.
Enfim, o acerto de contas.O irmão mais velho pendurou a bola na cumeeira da casa. Um aviso discreto pra Cirlei. Um símbolo de vitória. Pra Larinha – apenas um pássaro torto, pintando de fúria e cor - os céus em dia de vento.
Eles corriam pelo pátio, estendendo os braços para ampará-la no voo e mais uma vez, faze-la voltear deixando rastros de inocência e cor no infinito branco.
E a Cirlei, a filha da vizinha, ali – sentada no muro, olhar cru - ave de rapina, esperando o momento em que a bola colorida caísse em suas garras.Com um olho Larinha acompanhava a bola, com outro mirava a Cirlei. Estava pronta pra frustrar-lhe os planos. Faze-la engolir a inveja. Menina mimada, marrenta, filha única. Fazia pouco da miséria dos outros. Larinha nem ligava para a própria pobreza, tinha uma coisa muito mais preciosa – seis irmãos pra brincar.Aos nove anos eram inimigas declaradas. Mas não brigavam. Não era coisa de menina. Meninas são delicadas, não brigam, pensava Larinha.
Maldito momento em que a bola, num vacilo inocente e suicida, se jogou nas garras da Cirlei.Não adiantou implorar. Ameaçar. Nem as lágrimas do caçula amansaram o coração da fera. Só receberam de volta um corpo de plástico, flácido, colorido e sem vida. E o olhar de escárnio da Cirlei.
Toma, tua ex-bola. Disse debochadamente jogando o pobre pássaro sobre os pés da inimiga.Larinha não se conteve. Jogou o corpo miúdo sobre as carnes fartas da Cirlei. Com a raiva lhe turvando os olhos, bateu tanto na menina que tiveram que arrancá-la das suas mãos.
Enfim, o acerto de contas.O irmão mais velho pendurou a bola na cumeeira da casa. Um aviso discreto pra Cirlei. Um símbolo de vitória. Pra Larinha – apenas um pássaro torto, pintando de fúria e cor - os céus em dia de vento.
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