A Primeira Vez Que eu Pintei O
Cabelo
Minhas
amigas sempre foram mais experimentais que eu quando o assunto é aparência.
Descoloriam e pintavam numa velocidade incrível e gostavam de parecer diferente
de todos os outros adolescentes da mesma idade. Eu por outro lado nunca fui de
arriscar. Até que eu fiz vinte anos e comecei a fazer coisas que eu tinha
deixado de lado na adolescência. Como por exemplo, pintar a unha de preto. Mas
nada foi mais divertido que descolorir o cabelo e pintar de rosa.
Fiquei
com a ideia do cabelo rosa por muito tempo. Acabei me enrolando na hora de
comprar os produtos e deixei de lado. Um dia dei um basta e comprei o que
precisava: a água oxigenada, o descolorante e o tonalizante rosa. Como nunca
tinha feito coisas do tipo, fui até o salão. A cabelereira estava animada em
fazer aquilo em mim e tão curiosa como eu quanto ao resultado.
Quando
cheguei ao salão à cliente anterior ainda estava lá. Uma senhora de em torno de
quarenta anos, loira de olhos verdes, mas com um jeito meio autoritário. Sentei
na cadeira para me preparar. Conversava eu e a cabelereira sobre como fazer o
procedimento e o tempo de espera.
Até
que ela começou a justificar o “meu comportamento rebelde” e dos adolescentes a
influência da televisão. Parecia até brincadeira. Eu, uma jovem sensata, não
tenho a cabeça tão fraca a ponto de não processar aquilo que eu vejo ou deixo
de ver na tv. Não defendi meus colegas de idade, nem eu mesmo naquele momento.
Apenas ouvia as palavras de reprovação que aquela senhora loira que vive na
Alemanha me dizia. Não fiquei ofendida, mas perplexa com a sutileza dela.
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